Bioativadores e nutrição foliar: novas fronteiras da produtividade do milho 594s4a

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Carolina Ruv_gg

O cenário econômico do milho safrinha é afetado por fatores como custo de produção, a produtividade, condições climáticas e competição no setor agrícola. Para a segunda safra de 2024/25, a Conab estima um aumento de 3,8% na produtividade, com expectativa de atingir 94,6 milhões de toneladas, o que traz otimismo e deve incentivar os produtores a ampliar os investimentos no grão. As condições climáticas, porém, têm interferido substancialmente no progresso do plantio e desenvolvimento das lavouras, e as previsões climáticas indicam redução das chuvas devido à troca de polaridade do regime pluviométrico, portanto, buscar estimular o metabolismo das plantas trará impactos diretos nos índices de produtividade e qualidade das culturas. 192ih

Nesse cenário, a combinação de bioativadores e nutrição foliar tem se mostrado uma estratégia eficiente, além de diminuir o custo de produção para o produtor rural, otimizando investimentos em adubos químicos e aplicações de defensivos agrícolas. “A nutrição foliar é especialmente importante em momentos críticos do ciclo do milho, quando a planta apresenta demanda maior por aporte nutricional, pois disponibiliza nutrientes de maneira direta, permitindo uma absorção rápida e eficiente. Já os bioativadores estimulam processos fisiológicos e bioquímicos, além de aumentar a capacidade de crescimento e resistência. Compostos por aminoácidos, peptídeos, extratos de algas e microrganismos benéficos, os bioativadores tornam o milho mais eficiente na captação e utilização dos nutrientes aplicados via solo e foliar”, explica Carolina Ruv, engenheira agrônoma, doutora em Agricultura pela Faculdade de Ciências Agronômicas pela UNESP/Botucatu e coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento Agronômico da UnionAgro.

A bioativação do milho está diretamente ligada ao fornecimento de nutrientes que, além de desempenharem funções metabólicas clássicas, também atuam como sinalizadores bioquímicos e ativadores de processos fisiológicos. O potássio, por exemplo, regula processos osmóticos e ativa mais de 60 enzimas relacionadas à fotossíntese e síntese de açúcares, facilitando o transporte de assimilados, melhorando o balanço hídrico, tornando a planta mais preparada para responder a estresses.

O zinco, por sua vez, é vital na síntese de triptofano, precursor da auxina, sendo assim, fundamental para crescimento radicular e alongamento celular, atuando na estabilização das membranas celulares e na ativação de enzimas antioxidantes. “Além deste, o boro é estratégico para a bioativação da cultura, pois participa do transporte de açúcares, melhora a divisão celular e sinaliza processos reprodutivos. Já o manganês participa diretamente da quebra da molécula de água, que resulta na produção de energia para as reações metabólicas, ativa enzimas envolvidas na biossíntese de lignina e na defesa antioxidante, importantes para o vigor e a proteção do milho”, complementa.

A interação entre as ferramentas potencializa os efeitos positivos na cultura do milho de diversas formas:

  • Maior absorção e mobilização de nutrientes, pelo aumento da permeabilidade das membranas e melhor transporte dos mesmos;
  • Aprimoramento da fotossíntese, já que substâncias bioativas estimulam a produção de clorofila e consequente conversão de luz em energia (biomassa);
  • Redução do estresse oxidativo ocasionado pela presença de antioxidantes naturais nos bioativadores, que protegem as células dos danos ocasionados pela seca, temperaturas extremas e fitotoxidez;
  • Aumento da eficiência metabólica devido à presença de aminoácidos e fitormônios que aceleram os processos como a divisão celular e a formação de estruturas reprodutivas.

Nesse contexto, o manejo adequado é fundamental para otimizar essas interações. Pesquisas recentes mostram diferentes respostas a aplicações de complexos com bioativadores e nutrientes, de acordo com a necessidade do metabolismo da cultura em determinado estágio, com respostas variadas, por exemplo, nos níveis de potássio e enxofre, mais proeminentes entre V4 e V8. Além disso, contribui com estímulos ao desenvolvimento de raízes e parte aérea quando aplicados no plantio, aumentando a eficiência na produção.

O milho é uma cultura de grande importância global, em função do papel econômico e social que promove, sendo considerado alimento energético e utilizado desde alimentação animal até a indústria de alta tecnologia. Apesar disso, alcançar alto rendimento na segunda safra pode ser desafiador. “Ao aliar nutrientes e tecnologias bioativas, como aminoácidos e extratos vegetais, melhorar a eficiência do uso de nutrientes, aumentar a resiliência a estresses ambientais e promover um crescimento mais robusto, há garantia de produção mais forte e sustentável, incrementando a produtividade e assegurando a rentabilidade”, finaliza Carolina.

Carolina Ruv é engenheira agrônoma, doutora em Agricultura pela Faculdade de Ciências Agronômicas pela UNESP/Botucatu e coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento Agronômico da UnionAgro.

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