Da compra de terras ao manejo de gados, companhias como a Cargill adotam ferramentas capazes de automatizar tarefas, economizar tempo e a otimizar a coleta, análise e utilização de dados para aumentar a produtividade. 5b726l
O setor agropecuário apresentou um bom início de 2025 no Brasil, com os primeiros resultados da produção animal no 1º trimestre de 2025 mostrando que o abate de bovinos teve alta de 3,8% em comparação com o 1º trimestre de 2024 e 1,5% quando comparado ao 4º trimestre de 2024, segundo o IBGE. O fortalecimento dessas atividades caminha lado a lado com a ascensão de softwares que permitem não apenas a automatização das tarefas e melhorias de resultados, mas também que sejam feitas à distância, sem que o produtor necessite “estar em campo” com a mesma frequência de antes. No Brasil, mais de 95% dos produtores rurais utilizam algum tipo de tecnologia digital, segundo estudo realizado pela pesquisadora da Universidade de Brasília (UnB), Maira de Souza Regis, sendo o uso de softwares e aplicativos uma realidade para mais de 70%.
Auxiliando desde a comercialização de propriedades até o plantio, colheita e criação de gado, algumas plataformas estão revolucionando o jeito de produzir, vender, comprar e investir no agronegócio. Criado em 2024, o Chãozão já se tornou nos primeiros meses deste ano o maior portal de anúncios de imóveis especializado exclusivamente em propriedades rurais. Atualmente, a plataforma possui cerca de R$ 350 bilhões em propriedades anunciadas (Valor Geral de Vendas), entre sítios, chácaras, fazendas, ranchos e haras, que podem ser filtradas por localidade, aptidões, extensão territorial, entre outras características importantes para cada finalidade.
Somente entre aquelas com aptidão para a pecuária, o portal possui mais de 4 mil anúncios, em todas as regiões do Brasil. O produtor pode avaliar, por exemplo, se determinado espaço é mais apropriado para o gado de corte (cria, recria ou engorda) e confinamento, entre outras sub-aptidões. “É como se o interessado visitasse a propriedade para uma avaliação inicial e minuciosa, sem precisar se deslocar até o local logo no início da negociação. Ele já consegue mapear aquelas (propriedades) que se encaixam perfeitamente em suas necessidades e economizar tempo em sua tomada de decisão, sendo mais assertivo na escolha. O Chãozão nasceu para dar mais visibilidade, segurança e velocidade a esse processo”, afirma Geórgia Oliveira, CEO do Chãozão, ressaltando a riqueza de informações detalhadas sobre o potencial para cada atividade agrícola nos imóveis, estrutura geral e fotos.
Recentemente, o portal lançou o Índice Chãozão Valor do Hectare (ICVH), uma ferramenta que reúne dados do valor de mercado das propriedades anunciadas para calcular o valor médio por hectare em cada localidade do País. “Poucas instituições, como o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), realizam avaliações de terras no Brasil hoje em dia. Entretanto, neste caso elas são feitas de forma anual e leva em conta o valor venal da terra. Como o mercado é dinâmico e, por isso, a valorização e desvalorização em uma determinada localidade pode acontecer em curtos espaços de tempo, com o ICVH pensamos em oferecer um parâmetro que acompanhe essas mudanças de forma instantânea. Se a produção no campo evoluiu com drones e sensores, a negociação de imóveis rurais também precisava evoluir”, garante Renata Apolinário, diretora operacional do Chãozão.
Dentro da chamada Agricultura de Precisão, os produtores utilizam ferramentas digitais capazes de otimizar a coleta, análise e utilização de dados para aumentar a produtividade, economizar e utilizar insumos da melhor maneira e também reduzir os impactos ambientais. Para o plantio, por exemplo, em apenas um clique é possível acionar equipamentos e máquinas para realizar a semeadura de forma automatizada, tornando o processo mais rápido e eficiente.
Apesar da maior complexidade, na pecuária os softwares também cumprem papel semelhante. Um caso que ilustra bem esse potencial é o da Nutron, marca de nutrição animal da gigante Cargill no Brasil, especialista em soluções inovadoras de produção animal por meio de desenvolvimento de núcleos, premixes (misturas pré-formuladas de ingredientes) e especialidades para todas as espécies. Segundo Andremar do Vale, coordenador técnico comercial da Nutron Cargill, um dos focos principais entre os negócios impulsionados pela empresa, atualmente, está justamente no segmento de análises e ferramentas digitais. Alguns equipamentos, baseados em inteligência artificial (IA), estão possibilitando não apenas a coleta de dados, mas também a análise e a entrega de informações cruciais para a tomada de decisão. No segmento de bovinos de corte, o coordenador cita dois exemplos, sendo um no confinamento e outro no pasto.
“No confinamento, existe o Cargill Cattle View, uma tecnologia que associa o drone a uma Inteligência Artificial que monitora, diariamente, o número exato de animais por curral, faz a leitura de cocho, estabelecendo o melhor consumo sem desperdícios, monitora eventuais ocorrências, como a falta de água no curral, e estabelece um Índice de Bem Estar Cargill (IBC) que analisa o comportamento dos animais. Além de ser uma métrica cada vez mais desejada para cumprir as boas práticas e políticas ESG, o IBC também interfere diretamente na produtividade alcançada”, explica. No pasto, a Cargill adotou o software australiano AgriWebb, o mais usado no mundo para uma gestão detalhada da propriedade como um todo.
Para acompanhar o crescimento e as demandas do mercado nos próximos meses, a companhia está desenvolvendo uma atualização do programa de gestão de confinamentos. “Estamos em fase final de validação para o lançamento oficial do software Feed Manager 2.0, que dá sequência à nossa tecnologia já existente. Essa nova versão chegará ao mercado com diversas ferramentas inéditas incorporadas, como a automação de tratos; o Forecast, que é nossa famosa ferramenta de predição de resultado; além do próprio Cattle View, que terá integração com softwares de gestão econômica e ERPs”, diz.
Somente nos últimos cinco anos, a Cargill já investiu mais de R$ 8 bilhões em recursos para inovar suas operações no Brasil.